O livro “Urban Design: a typology of
procedures and products” (LANG, 2005) classifica os processos de desenho
urbano em quatro tipos:
Essencial
para um bom entendimento do desenho urbano é saber por quem as decisões são
tomadas, e com qual encadeamento.
1.
Desenho Urbano
“total”: uma única equipe controla todo o projeto. Esse tipo é raro de se
encontrar, ao menos aqui no Brasil.
2.
Desenho urbano
“all of a piece”: uma equipe cria um plano geral que oriente as intervenções de
diversos empreendedores, cada um com sua própria equipe. Um exemplo desse tipo
é o Loteamento Pedra Branca, em Palhoça, SC. Lá, uma equipe norteamericana
(DPZ), com a ajuda de arquitetos brasileiros, fez um masterplan para a área. A
seguir, vários escritórios de arquitetura foram contratados para projetar as
quadras que compõem a proposta geral.
3.
Desenho Urbano
“piece-by-piece”: neste caso, a produção das edificações é feita a partir de
centenas ou milhares de decisões individuais que, entretanto, devem obedecer a
um conjunto de normas gerais. Sendo assim, a construção de edificações é
controlada por zoneamentos, incentivos e penalidades.
4.
Desenho Urbano
“plug-in”: remete ao conceito de “acupuntura urbana”, segundo o qual
intervenções pontuais no tecido urbano seriam capazes de produzir consequências
benéficas para o entorno e, talvez, para toda a cidade.
Desenho Urbano “all-of-a-piece”: Loteamento Pedra Branca –
Palhoça – SC.
Desenho Urbano “all-of-a-piece”: Loteamento Pedra Branca – Palhoça – SC.
Desenho Urbano “all-of-a-piece”: Loteamento Pedra Branca –
Palhoça – SC.
O terceiro tipo: piece-by-piece é o que
mais afeta a sociedade como um todo, visto que os outros tipos referem-se a
situações muito mais localizadas e atreladas a poucos decisores e/ou
promotores. O terceiro tipo, ao contrário, deveria ser uma preocupação de toda
prefeitura em relação à sua malha urbana como um todo. Entretanto, não é isso
que vemos. Na imensa maioria dos casos, a legislação urbanística limita-se a
definir índices genéricos de ocupação, e faz muito pouco para conduzir a
produção das edificações na direção de tipologias que favoreçam a permeabilidade
entre o público e o privado, a geração de olhos da rua para minimizar a
insegurança nos espaços públicos, e a valorização do pedestre em detrimento do
automóvel.
Tipologias resultantes de um mesmo conjunto de parâmetros de
zoneamento. Muitas delas são “anti-urbanas”.
A imagem acima mostra que,
para um mesmo conjunto de parâmetros, é possível uma grande variedade de
tipologias. Até aí não há problema; este surge porque várias dessas tipologias
são agressivas ao pedestre e não incentivam a permanência e a apropriação dos
espaços públicos. Um caminho possível seria a adoção de zoneamentos mais
sensíveis à forma urbana. Os Form Based Codes são muito interessantes nesse
sentido, um exemplo é o de Benícia, nos EUA, que estabelece diretrizes para
vários aspectos das edificações, exigindo, por exemplo, que mantenham relação
de permeabilidade e proximidade com a rua, usos comerciais no térreo, garagens
apenas nos fundos do terreno, etc.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LANG, Jon. Urban Design: a typology of procedures and products.
Amsterdam: Elsevier, 2005.
NETTO, Vinicius de Moraes; SABOYA,
Renato. A urgência do urbanismo: uma crítica aos instrumentos usuais de
planejamento. Arquitextos – Vitruvius, 2010.
SCHURCH, Thomas W. Reconsidering
Urban Design: thoughts about its definition and status as a field or
profession. Journal of Urban Design, v. 4, n.
1, p. 5 -28, 1999.
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