“Tem muitos “Tiras” nos caminho. Limpe o recinto.”
Medo, uma emoção causada pela situação em que algo ou alguém se encontra em perigo, sentimento natural que busca evitar a dor ou o sofrimento. O medo aplicado na política é algo poderoso, seu uso pode convencer as pessoas a fazer coisas terríveis, visto todo o enredo que a história nos dá.
Dentre os tantos medos datados pela psicologia, encontramos um dos mais conspícuos, o medo da violência. Se tratando de urbanismo e contemporaneidade temos uma porção de regiões do planeta que sofrem desse mal, cidades grandes com muitas pessoas, renda mal distribuída, taxas de elevadas de mortalidade, alienação política expressiva e extremismos religiosos, estão entre as causas e consequências da agressividade das cidades. Qual outro fator podemos colocar?
Dessa extensa lista, dificilmente pensamos em como as cidades são concebidas, como elas foram criadas, como sua morfologia e seus sistemas podem influenciar nas taxas de criminalidade.
“Todos estarão a salvo enquanto ninguém deixar suas casas”
Sabemos que as cidades surgiram por diversos motivos, militares, econômicos ou religiosos; Seu crescimento desmedido é recente e os dias atuais trouxeram uma porção de artefatos que possibilitam maneiras usitar a cidade de formas distintas dos séculos passados. Haverá alguns que digam que uns tempos atrás era mais tranquilo andar nas ruas… Certamente não levaram em conta os fatores que qualificam a segurança, ou até não consideraram a formatação ameaçadora da cidade contemporânea. No passado existia muito menos pessoas, mas a violência existia sim, e aos montes, porém sua divulgação não era tão eficaz.
Punições mais severas não alteram os níveis de criminalidade segundo a agência Jusbrasil, pelo o que foi dito, “Não há sociedade mais ou menos complexa que tenha vivido sem leis penais e castigos. Mas as penas nunca eliminaram, nas sociedades complexas, a criminalidade. Leis, castigos, códigos, prisões, julgamentos, juízes, polícia, multas… tudo já se inventou contra o delito (e ele aí continua, desafiando todas as estruturas sociais)”. (GOMES, 2015)
“Aguarde o balconista esvaziar a caixa registradora e pegue todo o dinheiro”
Hoje existem diversos autores e textos científicos que tratam do crime como um fator social, um fenômeno que abrange circunstancias psíquicas e coletivas, levando a reflexões da sociologia e da filosofia, qualificando fatos e experimentações que abrangem tanto o ramo da moralidade e da ética quanto da filosofia política. Não é atoa que continuamente surgem mais discussões sobre o que quer dizer ser “livre”.
Como questão que não deixa de ser pontual no assunto, também pode ser posto em evidência a cultura da sociedade, tratando de uma localização mais precisa, a nossa cultura urbana ocidental. A cultura que irá massificar e definir (ou impor) a morfologia do urbanismo e o que é liberdade. Entre o bem e o mal dessa forma de pensar, está a cidade e seus habitantes… É dever da cidade “vigiar, punir e controlar” (FOUCAULT, 1987) seus “moradores”?
“[...]E vá pro olho da rua...”
Atento as formas que as cidades transformam, podemos observar que nem sempre são amigáveis, ou até mesmo confortáveis. Umas são criadas para proteger pequenos grupos que com o poder dominam o público, outras são feitas para simplesmente punir e criminalizar, não é atoa que colocam espetos em muros e câmeras de segurança em lugares vazios.
Culpamos as pessoas por criarem o sentimento de angústia e medo no espaço ao redor e tornar este solitário e clubista. Andar desconfiado é uma pratica comum na cidade moderna onde se criam núcleos de proteção e espaços de competição em busca sobrevivência. Bem vindo a rua.
Em parte, levando em conta essa análise descrita, a responsabilidade é maior dos sistemas do que das pessoas propriamente ditas. Ninguém quer uma cidade ameaçadora e violenta, porém gostamos de acreditar que existem modelos perfeitos de vida, esse com certeza é o maior dos crimes urbanos.
“Estátua da Liberdade? Estátua da Felicidade? Estátua...”
Como diria Jane Jacobs em seu mais renomados texto sobre cidade ocidental moderna “Morte e vida das Grandes Cidades”: “Construir bairros que facilitam o crime é estupidez, no entanto é isso que fazemos”(JACOBS,2000).
É dever do urbanista pensar em segurança e na urbanidade, no sentido de construir cidades com sistemas mais humanos e integrados com seus moradores. Isso é crer que existe formas de pensar diferente.
Existem muitas variáveis, muitos aspectos a serem levados em conta. Mas primeiro observe as pessoas, observe onde moram, como isso se relaciona. Do que sentem medo e o efeito disso no local onde moram.
Vocês gostariam de relatar algum outro delito das cidades? comentem.
Francisco Fon
Vocês gostariam de relatar algum outro delito das cidades? comentem.
Francisco Fon
REFERÊNCIAS
- Imagens retiradas do jogo Grand Theft Auto IV: Episodes from Liberty City; e retirada de <https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/736x/62/83/58/628358bdc4da53bb7ced4c562c14005f.jpg>
- HERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
- JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
- TOWN, Stephen; O'TOOLE, Randal. Crime-Friendly Neighborhoods: How "New Urbanist" planners sacrifice safety in the name of""openness" and "accessibility". 2005. Disponível em: <http://americandreamcoalition.org/safety/reason.html>. Acesso em: 17 maio 2016.
- GOMES, Luiz Flávio. O castigo penal severo diminui a criminalidade? 2015. Disponível em: <http://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/207036404/o-castigo-penal-severo-diminui-a-criminalidade>. Acesso em: 17 maio 2016.
- FOUCAULT, Michel.Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Trad. Lígia M.Ponde Vassalo. Petrópolis: Vozes, 1987.
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