A paisagem urbana, como forma de manifestação do urbano, tende a
revelar uma dimensão necessária da produção espacial, o que implica ir além da
aparência; neste contexto, a análise introduziria os elementos da discussão do
urbano considerado como processo. Deste modo, a paisagem urbana pode ser
compreendida como ferramenta de análise e observação, é recurso bastante
versátil para coleta de dados, informações e referências, especialmente pela
interação que promove entre ser humano e ambiente urbano aguçando e despertando
a percepção e a consciência à paisagem pelo ato de atenção ao espaço urbano e
às próprias emoções dos indivíduos.
Atualmente, a paisagem urbana guarda momentos diversos do
processo de produção espacial, que permite ao homem vislumbrar elementos para a
discussão da evolução da produção espacial, remetendo-o ao modo pelo qual foi
produzida. Mediante os estudos de Carlos (2008).
A paisagem urbana é a expressão da “ordem” e do “caos”,
manifestação formal do processo de produção do espaço urbano, colocando-se no
nível do aparente e do imediato. O que importa considerar é como essa forma
será compreendida e, consequentemente, analisada. Uma vez que o aspecto
fenomênico coloca-se como elemento visível, como a dimensão do real que cabe
intuir, analisar e compreender vai inicialmente analisá-lo como representação
de relações sociais reais que a sociedade cria em cada momento do seu processo
de desenvolvimento.
O mesmo autor define a paisagem além de produto da história tem
o poder de reproduzi-la. A força motriz desta ação é a ação humana e suas
práticas urbano-espaciais. Para o pesquisador, da observação da paisagem urbana
depreendem-se dois elementos fundamentais: o primeiro diz respeito ao “espaço
construído”, o mobilizado nas construções, e o segundo ao movimento da vida.
Ambos se integram na realidade paisagística.
Seguindo este pensamento, é possível acreditar que um
planejamento urbano integrado ao espaço e a vida existente no local tem uma de
suas metas à preservação ambiental, pois é mais correto evitar os males gerados
pela urbanização ao invés de corrigi-los a posteriori. Com isso,
entende-se a necessidade de considerar as questões ambientais na tomada de
decisões relativas ao planejamento urbano.
Assim sendo, o planejamento da paisagem urbana poderá se tornar
uma contribuição ecológica e de ordenamento para o planejamento do espaço, onde
se procura regulamentar os usos do solo e dos recursos ambientais,
salvaguardando a capacidade dos ecossistemas e o potencial recreativo da paisagem,
retirando o máximo de proveito do que a vegetação pode oferecer para a melhoria
da qualidade ambiental.
De acordo com Wickert (2005) as cidades têm sido fruto de
processos bastante equivocados de planejamento, cujo resultado pode ser
avaliado a partir da imensa gama de problemas presentes em toda a rede urbana
dos países. Esses problemas podem ser considerados herança, primeiro, do modelo
de políticas públicas adotado; segundo, das tipologias de planejamento e da
falta de uma metodologia visando à sustentabilidade urbana.
Os estudos de Lamparelli (1978) evidencia que na criação de um
planejamento é preciso entender o urbano como “lócus” do processo
político e reflexo das relações sociais que asseguram as condições gerais de
produção. Assim sendo, apenas controlar os problemas urbanos não é o suficiente
para a eficácia do projeto, é preciso haver uma ligação do planejamento com a
sociedade, bem como sua participação e valorização de seus interesses no
decorrer de todo trabalho.
Para que as etapas de um planejamento sejam compreendidas, é
preciso atentar para alguns conceitos que subsidiarão este trabalho como à
definição de: Planejamento Urbano, Plano Urbanístico Diretor e Mapa do
Zoneamento. Segundo Silva (1995), o planejamento urbanístico é um processo
técnico, instrumentado para transformar a realidade existente no sentido de
objetivos previamente estabelecidos, o autor também conceitua o Plano Diretor
colocando que este, é um plano urbanístico geral, entre os instrumentos
fundamentais do processo de planejamento local.
Conforme o mesmo pesquisador, o Mapa do Zoneamento é a
representação cartográfica do Plano Diretor, ou seja, o processo de
planejamento é o exercício de pensar a realidade urbana tendo em vista uma
determinada intenção, já o Plano Urbanístico Diretor é o produto desse
exercício, e o mapa do zoneamento a representação cartográfica desse produto.
Com tais instrumentos, fica claro que o processo
de urbanização gera impactos tanto ambientais como sociais,
entretanto, esses impactos podem ser evitados ou ao menos minimizados mediante
a um processo eficaz de planejamento urbano. Por outro lado, para entender o
processo de urbanização e a geração de seus impactos sociais, é preciso olhar
para a sua caminhada histórica e conceitual no Brasil.
Mediante tais aferições é possível crer que a herança de tal
tipo de gestão do espaço urbano ainda pode ser constatada na maioria das
cidades brasileiras. Afastar do campo de visão a condição da pobreza e o
universo do trabalho são o norte dessas realizações. Ilustrativo, pois é o
olhar das camadas abastadas que sempre governaram as cidades brasileiras, cuja
gestão do espaço urbano visa essencialmente o ocultamento desses dois segmentos
da sociedade, ficava preservado do espetáculo da pobreza em suas várias versões.
Referência
bibliográfica:
TOSTES, José Alberto. O planejamento da paisagem urbana.
Disponível em:
<http://josealbertostes.blogspot.com.br/2012/04/o-planejamento-da-paisagem-urbana.html>.
Acesso em: 25 de Abril de 2016.
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