segunda-feira, 25 de abril de 2016

O planejamento da paisagem urbana

A paisagem urbana, como forma de manifestação do urbano, tende a revelar uma dimensão necessária da produção espacial, o que implica ir além da aparência; neste contexto, a análise introduziria os elementos da discussão do urbano considerado como processo. Deste modo, a paisagem urbana pode ser compreendida como ferramenta de análise e observação, é recurso bastante versátil para coleta de dados, informações e referências, especialmente pela interação que promove entre ser humano e ambiente urbano aguçando e despertando a percepção e a consciência à paisagem pelo ato de atenção ao espaço urbano e às próprias emoções dos indivíduos.

Atualmente, a paisagem urbana guarda momentos diversos do processo de produção espacial, que permite ao homem vislumbrar elementos para a discussão da evolução da produção espacial, remetendo-o ao modo pelo qual foi produzida. Mediante os estudos de Carlos (2008).

A paisagem urbana é a expressão da “ordem” e do “caos”, manifestação formal do processo de produção do espaço urbano, colocando-se no nível do aparente e do imediato. O que importa considerar é como essa forma será compreendida e, consequentemente, analisada. Uma vez que o aspecto fenomênico coloca-se como elemento visível, como a dimensão do real que cabe intuir, analisar e compreender vai inicialmente analisá-lo como representação de relações sociais reais que a sociedade cria em cada momento do seu processo de desenvolvimento.

O mesmo autor define a paisagem além de produto da história tem o poder de reproduzi-la. A força motriz desta ação é a ação humana e suas práticas urbano-espaciais. Para o pesquisador, da observação da paisagem urbana depreendem-se dois elementos fundamentais: o primeiro diz respeito ao “espaço construído”, o mobilizado nas construções, e o segundo ao movimento da vida. Ambos se integram na realidade paisagística.

Seguindo este pensamento, é possível acreditar que um planejamento urbano integrado ao espaço e a vida existente no local tem uma de suas metas à preservação ambiental, pois é mais correto evitar os males gerados pela urbanização ao invés de corrigi-los a posteriori. Com isso, entende-se a necessidade de considerar as questões ambientais na tomada de decisões relativas ao planejamento urbano.

Assim sendo, o planejamento da paisagem urbana poderá se tornar uma contribuição ecológica e de ordenamento para o planejamento do espaço, onde se procura regulamentar os usos do solo e dos recursos ambientais, salvaguardando a capacidade dos ecossistemas e o potencial recreativo da paisagem, retirando o máximo de proveito do que a vegetação pode oferecer para a melhoria da qualidade ambiental.

De acordo com Wickert (2005) as cidades têm sido fruto de processos bastante equivocados de planejamento, cujo resultado pode ser avaliado a partir da imensa gama de problemas presentes em toda a rede urbana dos países. Esses problemas podem ser considerados herança, primeiro, do modelo de políticas públicas adotado; segundo, das tipologias de planejamento e da falta de uma metodologia visando à sustentabilidade urbana.

Os estudos de Lamparelli (1978) evidencia que na criação de um planejamento é preciso entender o urbano como “lócus” do processo político e reflexo das relações sociais que asseguram as condições gerais de produção. Assim sendo, apenas controlar os problemas urbanos não é o suficiente para a eficácia do projeto, é preciso haver uma ligação do planejamento com a sociedade, bem como sua participação e valorização de seus interesses no decorrer de todo trabalho.

Para que as etapas de um planejamento sejam compreendidas, é preciso atentar para alguns conceitos que subsidiarão este trabalho como à definição de: Planejamento Urbano, Plano Urbanístico Diretor e Mapa do Zoneamento. Segundo Silva (1995), o planejamento urbanístico é um processo técnico, instrumentado para transformar a realidade existente no sentido de objetivos previamente estabelecidos, o autor também conceitua o Plano Diretor colocando que este, é um plano urbanístico geral, entre os instrumentos fundamentais do processo de planejamento local.

Conforme o mesmo pesquisador, o Mapa do Zoneamento é a representação cartográfica do Plano Diretor, ou seja, o processo de planejamento é o exercício de pensar a realidade urbana tendo em vista uma determinada intenção, já o Plano Urbanístico Diretor é o produto desse exercício, e o mapa do zoneamento a representação cartográfica desse produto.

Com tais instrumentos, fica claro que o processo de urbanização gera impactos tanto ambientais como sociais, entretanto, esses impactos podem ser evitados ou ao menos minimizados mediante a um processo eficaz de planejamento urbano. Por outro lado, para entender o processo de urbanização e a geração de seus impactos sociais, é preciso olhar para a sua caminhada histórica e conceitual no Brasil.

Mediante tais aferições é possível crer que a herança de tal tipo de gestão do espaço urbano ainda pode ser constatada na maioria das cidades brasileiras. Afastar do campo de visão a condição da pobreza e o universo do trabalho são o norte dessas realizações. Ilustrativo, pois é o olhar das camadas abastadas que sempre governaram as cidades brasileiras, cuja gestão do espaço urbano visa essencialmente o ocultamento desses dois segmentos da sociedade, ficava preservado do espetáculo da pobreza em suas várias versões.

Referência bibliográfica:
TOSTES, José Alberto. O planejamento da paisagem urbana. Disponível em: <http://josealbertostes.blogspot.com.br/2012/04/o-planejamento-da-paisagem-urbana.html>. Acesso em: 25 de Abril de 2016.

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